DOM DOM FRIEDRICH MÜLLER
POR MERCÊ DE DEUS E DA SÉ APOSTÓLICA
A todos que lerem esta exortação, minha saudação e bênção!
A preocupação com as vocações ao ministério
ordenado é uma constante na vida da Igreja. Trata-se de um tema que não pode
ser negligenciado, uma vez que a continuidade da nossa missão apostólica depende da existência dos ministros ordenados. O rebanho não pode perecer pela
falta de pastores. É uma questão de sobrevivência da própria Igreja.
Em tempos de escassez de vocações, impera,
sobretudo em nosso meio eclesial, um sentimento de impotência que nos
imobiliza. Geralmente, surge-nos a inquietação de como atrair os jovens para a
vida sacerdotal e religiosa. Ficamos sem saber o que fazer e por onde começar
agir. O papa Francisco, em um de seus discursos¹, destaca três atitudes, que
podem nos ser muito úteis: sair, ver e
chamar.
Primeira atitude: sair. Tal como Jesus que “sai pelas estradas e põe-se a caminho” (Lc 9, 51), precisamos ser uma Igreja em movimento, capaz de ir além dos limites da sacristia ou de nossos templos. Segundo o Papa Francisco (Exort. ap. Evangelli gaudium, 33), “não pode haver uma sementeira frutuosa de vocações se ficarmos simplesmente fechados no «confortável critério pastoral do ´sempre se fez assim´, sem «ser audazes e criativos nesta tarefa de reconsiderar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das próprias comunidades»”. É preciso sair da nossa zona de conforto e da "comodidade de nossas próprias seguranças". Não existe cristianismo estático. Isto vale, sobretudo, para nós, pastores da Igreja, principais responsáveis das vocações sacerdotais. “É triste quando um sacerdote vive só para si mesmo, fechando-se na fortaleza segura do presbitério, da sacristia ou do grupo restrito dos fidelíssimos”, alerta o Papa Francisco. O padre é chamado a estabelecer uma relação estreita com o povo, a exemplo do Bom Pastor, que conhece suas ovelhas pelo nome. Trata-se, sobretudo, da vocação missionária da Igreja.
Segunda atitude: ver. Ao passar pelas estradas, Jesus para e estabelece um contato visual com o outro, sem pressa. O que muitas vezes acontece, infelizmente, é que ignoramos aqueles que estão ao nosso redor, sobretudo quando se trata daqueles que não fazem parte da nossa bolha clerical. Com isso, não percebemos os sinais daqueles que procuram fazer parte da Igreja. Deixamos para que o outro faça, aquele que está nomeado, que tem mais tempo... raramente procuramos ser agentes vocacionais. Não queremos nos comprometer em dar as primeiras orientações. Contudo, o evangelho, exorta o papa Francisco, revela-nos que a vocação começa com um olhar de misericórdia que pousa sobre cada um de nós. Foi assim que Jesus olhou para os seus discípulos e os chamou para a missão. Foi assim, igualmente, que fomos percebidos e chamados para nossa vida de Igreja.
Terceira atitude: chamar. A vocação é um chamado de Deus. E o Mestre não faz discursos longos e cheios de emoção, mas simplesmente diz: SEGUE-ME! Não podemos ter medo de propor, aos jovens e fieis de nossas igrejas, o caminho da vida sacerdotal e religiosa, mostrando, antes de mais nada, com o nosso testemunho, que é bom seguir Jesus e anunciar a Sua mensagem libertadora. A nossa voz é instrumento para o chamado de Deus.
Assim, como pastores que saem em missão, que veem com misericórdia e que chamam novos operários para trabalharem na messe do Senhor, a Igreja sobreviverá. Que cresça em nós essa consciência.
In Christo,